crítica
O cinema a repensar a política
Michael Moore volta a usar o cinema como instrumento de reflexão política: "Fahrenheit 11/9" centra-se na figura de Donald Trump, mas o seu objectivo global é a discussão dos prós e contras do sistema político dos EUA.

1 Nov 2018 18:34
Qual é a posição de Michael Moore sobre o Presidente Donald Trump? Pois bem, todos sabemos que é um dos seus mais veementes opositores… Não admira, por isso, que o seu novo filme, "Fahrenheit 11/9", surja em todo o lado descrito como um violento libelo anti-Trump. O que é verdade, aliás: Moore apresenta uma visão dramática, muito severa, do papel de Trump na América do presente. Resta saber se tal descrição faz justiça à complexidade interna do seu filme.
Do ponto de vista cinematográfico, o que está em jogo está longe de ser banal. Em boa verdade, Moore consegue a proeza de nos confrontar com muitas imagens (de outros filmes, reportagens, materiais de arquivo, etc.) que importa rever — e, num certo sentico, reler — para além de qualquer formatação mediática. "Fahrenheit 11/9" é um filme apostado em discutir com o seu espectador os modos correntes de percepção do trabalho político — Trump pode ser o núcleo de tal projecto, mas o que está em jogo envolve factores que vão da defesa dos valores da democracia ao conceito de cidadania.