Michael B. Jordan — revivendo e reinventando a herança de Rocky Balboa


joao lopes
31 Dez 2015 19:23

Na idade dos remakes, sequelas e outras derivações nem sempre muito imaginativas, como prolongar a história do pugilista Rocky Balboa?… A pergunta não pode esquecer, como é óbvio, que desde o começo da sua saga — com "Rocky" (1976), dirigido por John G. Avildsen —, Sylvester Stallone já interpretou a personagem em seis filmes, nem sempre capazes de sustentar a magnífica energia do primeiro.

O mínimo que se pode dizer de "O Legado de Rocky" (título original: "Creed") é que o filme consegue a proeza de relançar de forma inteligente a personagem de Rocky, naturalmente interpretada por Stallone, ao mesmo tempo abrindo um espaço de confronto com as suas próprias memórias mitológicas e cinematográficas — e tanto mais quanto, inteligentemente, Stallone não tenta disfarçar as marcas da sua idade (celebrará 70 anos em 2016).
Em termos simples, esta é a história de Adonis Creed (o excelente Michael B. Jordan), filho de Apollo Creed, adversário de Rocky desde o primeiro título da saga — empenhado em consolidar uma carreira de pugilista, vai pedir ao próprio Rocky que seja o seu treinador. Dito de outro modo: a evocação das memórias transfigura-se em emocionante passagem de testemunho entre gerações.

Ryan Coogler, argumentista e realizador, consegue, assim, retomar o melhor da herança deste universo, conferindo uma nova dimensão à sua encenação do desejo de vencer, afinal conservando um certo espírito independente que não é estranho ao primeiro "Rocky". Acontece que Coogler (convém também não esquecer) se estreara na longa-metragem com "Fruitvale Station: A Última Paragem", precisamente um dos acontecimentos centrais do ano de 2013 na área da produção independente made in USA.

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