joao lopes
24 Out 2015 0:12
Não é todos os dias que se reune um leque de actores que inclui Mia Wasikowska ("Alice no País das Maravilhas"), Jessica Chastain ("Miss Julie") e Tom Hiddleston ("O Profundo Mar Azul"). Infelizmente, em "A Colina Vermelha" ("Crimson Peak"), eles acabam por ter uma função mais instrumental que dramática, sendo, por assim dizer, "sugados" pelo primado do cenário.
Para o realizador Guillermo Del Toro, aliás acentuando uma característica dominante no seu trabalho "copista" da tradição gótica, a concepção cenográfica parece esgotar o labor dramatúrgico do próprio filme.
Assim, em boa verdade, a história da jovem (Wasikowska) que é vítima de uma perversa aliança incestuosa (Chastain + Hiddleston) tende a funcionar como um mistério mais ou menos previsível (em grande parte induzido pelo trailer do filme), de tal modo o essencial se joga nas "proezas" da câmara do interior do espaço da mansão — que é, para todos os efeitos, a personagem central do filme.
Claro que tal mansão é uma pequena proeza arquitectónica, ou não fosse concebida por Thomas E. Sanders, o director artístico que colaborou no look de títulos como "Drácula de Bram Stoker" (Francis Ford Coppola, 1992) e "O Resgate do Soldado Ryan" (Steven Spielberg, 1998). Acontece que Del Toro povoa tal espaço com uma colecção de peripécias que valem menos pela intensidade dramática e mais pelas efémeras performances visuais.
É bem provável que Sanders ou Kate Hawley (responsável pelo guarda-roupa) venham a surgir na lista de nomeados para os Oscars. Apesar disso, ou por isso mesmo, é pena que os seus contributos surjam integrados numa mise en scène tão banal e, em alguns momentos, banalmente exibicionista.