joao lopes
30 Abr 2015 23:22
… E chegou o Verão do nosso descontentamento. A temporada dos blockbusters já deixou de ser um tempo de celebração, para funcionar apenas como esse período em que sentimos que tudo fica afogado pelas campanhas de um ou dois filmes, relegando a diversidade do mercado para um limbo sem… espectadores.
O problema é que, para além desse estreitamento dos valores da oferta, os próprios filmes não ajudam. E o caso de "Os Vingadores: A Era de Ultron" aí está como sintoma de uma produção que, de facto, deixou de ser gerida pelos criadores para se esgotar na infinita repetição das mesmas peripécias (explosões, perseguições, ruído, muito ruído…), postas a funcionar pelos departamentos de efeitos especiais.
Podemos supor que Joss Whedon, o realizador do filme (que já tinha dirigido "Os Vingadores", em 2012), é alguém com ideias para renovar um universo, afinal, altamente codificado. O certo é que o seu filme mais parece uma colagem de "acções" de um banal jogo de video em que nada do que faz um filme — a começar pela mais básica definição das personagens, passando pela elaboração específica de uma narrativa — é assunto de mínimo empenho.
O mais penoso de tudo isto é continuarmos a ver talentos como Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Jeremy Renner e Elizabeth Olsen reduzidos a marionetas sem alma, obrigados a fazer esgares mais ou menos repetidos e repetitivos, para sustentar imagens intermutáveis que duram uma fracção de segundo… Tudo parece muito veloz, mas o que triunfa é a lentidão das ideias.