joao lopes
7 Mar 2021 23:51
Hoje em dia, no espaço mediático/televisivo, uma das componentes mais intensas (e sobre a qual também se produz menos reflexão) é o futebol. Ao contrário de qualquer domínio artístico clássico, da literatura ao cinema, o futebol faz parte das informações diárias que recebemos. Neste contexto, um filme como "Pelé", de David Tryhorn e Ben Nicholas [Netflix] suscita especial curiosidade.
Porquê? Sobretudo porque, como se prova, é possível abordar o futebol, neste caso uma das suas figuras mais universais e lendárias, sem favorecer os esquematismos primários de qualquer tipo de clubismo. Qual é, então, o projecto: pura e simplesmente, coligir imagens e memórias de Pelé, tendo como matéria primordial o testemunho do próprio.
Em boa verdade, não creio que, no plano da linguagem cinematográfica, estejamos perante um objecto especialmente rico ou inovador. O mais interessante decorre do facto de podermos descobrir (eventualmente, sobretudo para os menos jovens, redescobrir) imagens que pertencem, sobretudo, ao directo televisivo, agora reorganizadas numa narrativa de tipo documental.
Em boa verdade, não creio que, no plano da linguagem cinematográfica, estejamos perante um objecto especialmente rico ou inovador. O mais interessante decorre do facto de podermos descobrir (eventualmente, sobretudo para os menos jovens, redescobrir) imagens que pertencem, sobretudo, ao directo televisivo, agora reorganizadas numa narrativa de tipo documental.
Uma parte significativa de "Pelé" envolve as memórias dos vários Mundiais em que Edson Arantes do Nascimento participou, desenhando um caminho em que, a partir de certa altura, a história se foi confundindo com a mitologia. Ironicamente ou não, também por isso este é um objecto que mereceria (ou merecerá) ser visto na projecção de uma sala escura.