Rolf Lassgard no papel de Ove — um pequeno filme que chegou aos Oscars


joao lopes
25 Mar 2017 0:23

Podemos até considerar que "Um Homem Chamado Ove" é um retrato sensível e simpático de um velho "rabugento" incapaz de manter uma relação equilibrada com os vizinhos… Mas a pergunta emerge: como é possível que tão convencional objecto de cinema tenha chegado a uma nomeação para o Oscar de melhor filme estrangeiro?

 
De facto, como é possível que este pequeno filme sueco tenha chegado onde não chegaram, por exemplo, "Aquarius" (Brasil), "La Fille Inconnue" (Bélgica) ou "A Morte de Luís XIV" (França)?… E estou apenas a citar títulos que passaram por Cannes. Acontece que a Academia de Hollywood, aliás reflectindo um problema que alguns dos seus membros já reconheceram, tem uma visão estreita e instrumental da produção internacional de cada ano.
 

A questão de fundo é sempre, em última instância, de natureza cinematográfica. Com ou sem prémios — e, como é sabido, seria esse filme notável que é "O Vendedor" (Irão) a arrebatar o Oscar — "Um Homem Chamado Ove" segue uma lógica narrativa tão conhecida quanto previsível. A solidão do viúvo Ove e as suas pulsões suicidas são tratadas como uma espécie de "marca" psicológica que, com algum cândido humor, vai suscitando variações dramáticas mais ou menos curiosas.

Estamos perante uma aplicação apenas sugestiva de uma matriz psicológica tradicional cujo maior trunfo reside, afinal, na consistência do elenco — sendo forçoso destacar o talentoso Rolf Lassgard, no papel de Ove. Seja como for, "Um Homem Chamado Ove" está longe de poder ser considerado como um dos acontecimentos marcantes da produção internacional de 2016.

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