joao lopes
19 Dez 2014 0:54
Não se pode dizer que "O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" seja uma surpresa. Nem pretende ser, como é óbvio. Depois da trilogia de " O Senhor dos Anéis" (2001-2002-2003), Peter Jackson quis garantir a franchise sob o signo de J. R. R. Tolkien, de tal modo que mesmo alguns dos mais empenhados fãs do cineasta consideram que a criação de uma nova trilogia, precisamente a partir de "O Hobbit", parece corresponder a uma tentativa de "esticar" o material inspirador…
Em boa verdade, o problema parece ser ainda mais básico. Tudo se passa como se, a partir de certa altura, a própria inspiração fosse indiferente e mais não restasse do que a preocupação (?) de garantir a renovação de um formato em que as convulsões narrativas são menos importantes que a multiplicação de figurinhas, humanas e monstruosas, mais ou menos envolvidas em actividades explosivas…
É pena, quanto mais não seja porque esta terceira e última parte de "O Hobbit" nos permite recordar que Jackson sabe, de facto, compor personagens, para tal dirigindo os actores com assinalável precisão. E, também nesse aspecto, os resultados são desconcertantemente paradoxais: enquanto Martin Freeman ou Richard Armitage são filmados com evidente empenho e rigor (Armitage tem momentos de puro brilhantismo), outros como Ian McKellen ou Cate Blanchett cumprem uma banal e decorativa função de guest stars… A epopeia terminou, mas ficou muito aquém das potencialidades oferecidas pelo universo de Tolkien.