Uma comédia familiar à procura dos valores clássicos do género


joao lopes
9 Nov 2014 12:48

"Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia" não ficará, por certo, como um marco na história da comédia cinematográfica. Ainda assim, apetece dizer que, quanto mais não seja pelo seu "impossível" título, apetece dar-lhe um mínimo de atenção. Que está em jogo? Pois bem, a possibilidade — ao mesmo tempo artística e comercial — de recuperar os valores mais clássicos da comédia familiar.

Bem sabemos que autores como George Cukor ("A Irmã da Minha Noiva") ou Vincente Minnelli ("O Pai da Noiva") trabalharam sobre este modelo, gerando objectos de admirável requinte e delicadas emoções. E não parece viável colocarmos esta realização de Miguel Arteta no mesmo plano de excelência. Mas é curioso e, de algum modo, sintomático que os estúdios Disney, tão apostados na gestão do seu imenso poder na zona das animações digitais, invistam nomes como Steve Carrell e Jennifer Garner na história de uma família-como-as-outras a viver um dia em que, de facto, tudo corre mal…

Há um pouco de tudo, desde um admirável bebé que passa o filme todo com a cara esverdeada (devido a um marcador que mascou…) até um inesperado canguru. E há, sobretudo, a consciência de que o humor nasce, ou pode nascer, da irrupção dos mais variados incidentes no interior de uma dinâmica de vida obcecada pela noção de "normalidade" — com gags eficazes e gags banais, "Alexandre…" é a prova de que nem tudo está perdido para as memórias cinéfilas da comédia de Hollywood.

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