joao lopes
17 Out 2019 18:50
Tudo começou em 2014, quando os estúdios Disney, apostados em recriar com actores muitos dos seus títulos clássicos de animação, decidiram refazer a sua versão de "A Bela Adormecida" (1959), desta vez com a bruxa como personagem central — e com Angelina Jolie a assumir tal personagem, pormenor que estava longe de ser secundário.
Cinco anos depois de "Maléfica", aí está "Maléfica: Mestre do Mal" (não teria sido mais adequado traduzir "Mistress of Evil" por Senhora do Mal?…). De novo com Angelina Jolie e também Elle Fanning, na personagem de Aurora, agora com Michelle Pfeiffer a interpretar a Rainha Ingrith, mãe do Príncipe que se vai casar com Aurora.
Em boa verdade, pertence a Pfeiffer um novo e sugestivo protagonismo, confirmando que é possível manter a lógica do primeiro filme, ao mesmo tempo alargando o território dramático do conto de Charles Perrault (publicado em 1697). A saber: é possível revisitar o património tradicional da literatura, recriando alguns dos seus elementos de modo mais ou menos perverso sem que a dimensão primitiva da fábula seja desrespeitada.
Neste caso, tal opção é tanto mais significativa (e louvável!) quanto "Maléfica: Mestre do Mal" mostra que pode existir um cinema de impressionante requinte tecnológico (observe-se apenas a espectacular profusão cenográfica…) sem menosprezar os valores clássicos da arte de contar histórias. Em tempos de tanta banalidade "super-heróica", eis uma atitude a ter em conta.