crítica
Revisitando uma riquíssima tradição musical
"A Dois Passos do Estrelato" é um filme empenhado em celebrar as cantoras que acompanham nomes famosos da música popular, mas são muito mal conhecidas do grande público — venceu o Oscar de melhor documentário.

joao lopes
19 Abr 2014 0:59
Darlene Love, Judith Hill, Merry Clayton, Lisa Fischer, Táta Vega, Jo Lawry, Stevvi Alexander… Que significam estes nomes para a maior parte de todos nós que gostamos de música? Pois bem, há que reconhecer que muito pouco: são nomes de profissionais com importantes carreiras como backup singers, quer dizer, acompanhantes das mais diversas estrelas do pop/rock, cuja identidade permanece muitas vezes… a dois passos do estrelato.
“A Dois Passos do Estrelato”, justamente, é o título do documentário de Morgan Neville (original: “20 Feet from Stardom”) que, primeiro que tudo, procura devolver a tais cantoras a sua própria história. Isto porque, na prática, elas construiram carreiras a acompanhar gente tão admirável como Bruce Springsteen, Sting ou os Rolling Stones, mas ficaram quase sempre atrás, literalmente atrás, dos protagonistas.
Em todo o caso, repare-se, o trabalho de Neville não se reduz a um mero inventário de figuras pouco conhecidas (mesmo quando desenvolveram carreiras a solo). Acima de tudo, ele está empenhado em mostrar como as protagonistas do seu filme pertencem a uma riquíssima tradição de música negra norte-americana que, em boa verdade, tem o gospel como uma das suas fundamentais raízes.
Distinguido com o Oscar de melhor documentário de 2013, “A Dois Passos do Estrelato” confirma o empenho de Neville em iluminar as zonas menos conhecidas da vida artística americana, ele que já dirigiu ou produziu documentários sobre Bryan Wilson, Johnny Cash e os Pearl Jam. Além do Oscar, “A Dois Prémios do Estrelato” foi também distinguido como o melhor documentário do ano nos Independente Spirit Awards.
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