joao lopes
29 Mar 2019 0:31
Será que o filme "Kursk" consegue atingir a sofisticação das epopeias clássicas? Poderemos comparar a realização do dinamarquês Thomas Vinterberg com os modelos mais célebres, nomeadamente nas superproduções da década de 60, que abordam grupos humanos em situações de crise?
Em boa verdade, creio que não. Há em "Kursk" um certo automatismo da realização que cumpre (com competência, é certo) os desígnios de uma visão apenas "descritiva" da tragédia do submarino russo. Fica por desenvolver uma dimensão essencial dessa tragédia. A saber: a demora das autoridades russas em aceitarem ajuda estrangeira (tentando proteger os segredos militares do submarino), desse modo comprometendo de forma irreversível a situação da tripulação.
Seja como for, registe-se o facto de podermos descobrir um filme de consideráveis meios de produção que nada tem a ver com o fogo de artifício simplista que tem marcado muitas produções recentes (super-heróis & etc.) alicerçadas na ostentação dos seus recursos. Ponto fundamental: o investimento no trabalho dos actores, com inevitável destaque para o belga Matthias Schoenaerts.
Enfim, convém também recordar que a exploração deste tipo de produção não é, de maneira alguma, um "exclusivo" de Hollywood ou da Marvel. Nada disso: "Kursk" é uma produção de raiz europeia, montada pela EuropaCorp do francês Luc Besson, em associação com empresas da Bélgica e do Luxemburgo.