Olivia DeJonge em


joao lopes
11 Set 2015 4:07

O género de terror é aquilo que é (um "género", precisamente, historicamente nomeado como tal) porque envolve um sistema de regras mais ou menos reconhecíveis. Tal como noutros domínios, também neste caso há os que, com mais ou menos talento, se limitam a aplicar o sistema e, depois, os que (por certo em minoria) desafiam as suas fronteiras.

M. Night Shyamalan é um cineasta que gosta de se entregar a esse desafio. De tal modo que, ironicamente, somos levados a hesitar em classificar os seus filmes, de "O Sexto Sentido" (1999) a "O Acontecimento" (2008), como pertencentes ao género de terror. A situação repete-se face ao magnífico "A Visita" — eis um objecto que tende para um gosto primitivo de fábula sobre o medo, não do que é estranho e distante, mas sim o que está perto e é familiar.

Digamos, para simplificar, que esta é a história de uma visita que… corre mal. Quando vão passar uma semana a casa dos avós maternos, as duas crianças protagonistas, Tyler (Ed Oxenbould) e Becca (Olivia DeJonge), descobrem que a utopia de uma harmonia de raiz campestre não passa de uma anedótica ilusão. Em boa verdade, os acontecimentos mais ou menos assustadores que os avós protagonizam, ou tentam esconder, põem à prova todas as suas (e também as nossas) crenças relacionadas com o papel apaziguador da família.

Shyamalan expõe tudo isso de modo tanto mais envolvente quanto este é, num certo sentido, um filme de "planos subjectivos": as imagens com que se constrói a ficção são imagens obtidas por Tyler e Becca, através das suas ágeis câmaras digitais. Resultado: um filme algures entre a crueldade e a ironia, o objectivo e o subjectivo, explorando os fantasmas e pesadelos do Sonho Americano — uma casa de família tem, afinal, algo de um estúdio de cinema…

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