joao lopes
14 Ago 2014 0:58
Onde está o Sylvester Stallone que, em 1976, escreveu e protagonizou "Rocky", filme que relançou um modelo caloroso de herói, enraizado na tradição clássica?
Onde está o Sylvester Stallone que, em 1978, escreveu, protagonizou e dirigiu (foi a sua estreia como realizador) um filme tão invulgar como "Beco do Paraíso", evocação sentida da melhor tradição dramática de Hollywood?
Onde está o Sylvester Stallone que, em 1982, com "A Fúria do Herói" (primeiro e mais interessante título da série "Rambo"), introduziu novas componentes simbólicas na abordagem cinematográfica dos traumas da guerra do Vietname?
Podemos responder a estas três interrogações com a mesma resposta: Stallone vai-se limitando a copiar a sua própria "imagem de marca", protagonizando filmes que não passam da caricatura repetitiva dos lugares-comuns a que chegou a série "Rambo". "Os Mercenários 3", desta vez com direcção de Patrick Hughes, resulta, assim, uma penosa antologia de cenas de combate (?) que mais parecem resultar do cruzamento involuntário do mais banal jogo de video com um desenho animado incompetente.
É pena que Stallone se reduza, agora, a esta cópia de cópia de cópia do pior que a sua carreira foi acumulando. E tanto mais quanto ver nestas andanças actores como Harrison Ford, Mel Gibson, Arnold Schwarzenegger ou Antonio Banderas é algo que deixa a sensação de que tais nomes passaram a ser entidades meramente intrumentais para construir um genérico de vedetas… A aventura deixa, assim, de ser um género de espectáculo para se apresentar como uma mera simulação do próprio conceito de espectáculo.