20 Dez 2014 22:15
Wiam Bedirxan é uma professora de origem curda que, na cidade Homs, conheceu as atrocidades da guerra civil na Síria. Ossama Mohammed, exilado sírio em Paris, começou a dialogar com ela num "chat" da Internet. De tal modo que Bedirxan foi-se empenhando na recolha de material filmado sobre a guerra, enviando-o para Mohammed que foi tentando conferir-lhe a estrutura de um… filme.
O filme, intitulado "Água Prateada – Um Auto-retrato da Síria", fez-se através dessa comunicação virtual, sem que os seus dois autores alguma vez se encontrassem. Em boa verdade, Bedirxan só conseguiu sair de Homs quando o filme passou, em sessão especial, extra-competição, do Festival de Cannes — foi aí que se conheceram.
Uma parte significativa das imagens provém do registo de cidadãos anónimos que, com os seus telemóveis, iam filmando as situações mais diversas, no meio de um desesperado caos. Poderemos, talvez, considerar que o filme tem as limitações de um processo que é mais acumulativo do que interpretativo. Seja como for, há nele uma energia humana a que não é possível ficar indiferente.