14 Abr 2018 0:35
Claudia Gerini, Carlo Buccirosso, Serena Rossi, Giampaolo Morelli… Eis uma pequena série de nomes que infelizmente, não têm grande eco no espaço português do consumo cinematográfico. E, no entanto, no filme "Ammore e Malavita", eles distinguem-se por uma versatilidade francamente surpreendente: começam em registo dramático, deslizam para a comédia burlesca e, por fim, assumem as poses de personagens de um musical!
Sejamos claros: "Ammore e Malavita" é um objecto menor, nem sempre sabendo sustentar o registo caricatural com que encena uma história de rivalidades no submundo do crime em Nápoles. Mas é também um curioso reflexo de um sentido de experimentação e risco que o cinema italiano continua a integrar, e que tão irregularmente vamos conhecendo — registe-se, neste caso, a apresentação do filme na Festa do Cinema Italiano.
Tudo se passa em torno da morte de um chefe mafioso, o lendário "rei do peixe"(Carlo Buccirosso); um perverso plano arquitectado com a sua mulher (Claudia Gerini) vai abalar velhas relações de fidelidade, gerando um caudal de actos violentos, típicos de um policial, mas que se apresentam… em forma de canções. A aposta central da realização dos irmãos Manetti, Antonio e Marco, consiste em baralhar todos os registos, celebrando a paródia.
Mesmo com todas as suas fraquezas, particularmente evidentes no trabalho coreográfico de alguns momentos musicais, "Ammore e Malavita" é um sintoma de uma cinematografia atenta às convulsões dos mercados, procurando colocar-se na linha da frente através da surpresa e da calculada provocação. O menos que podemos dizer é que vale a pena continuar a descobrir a pluralidade interna da produção made in Italia.