3 Out 2014 14:00
A Netflix, empresa líder de mercado na distribuição de conteúdos por streaming, anunciou a estreia da longa-metragem "Crouching Tiger, Hidden Dragon: The Green Legend" para agosto de 2015, em simultâneo no seu serviço via Internet e em formato IMAX, mas as maiores cadeias de cinemas não querem exibir o filme.
A Netflix tem vindo a ocupar um lugar de crescente destaque na distribuição e, mais recentemente, na produção de conteúdos. Começou por pequenos programas de comédia e documentários, para logo de seguida avançar para as séries de televisão como "House of Cards", ou "Orange is the New Black" que de imediato conquistaram aplausos da crítica e do público e receberam inúmeras nomeações para os Emmy Awards.
Em 2013, a Netflix recebeu a primeira nomeação para um Oscar pelo documentário "The Square". Agora, tenta dar mais um passo e entrar no campo das longas-metragens de ficção.
"Crouching Tiger Hidden Dragon: The Green Legend" é a sequela do sucesso mundial "O Tigre e o Dragão", de 2000, nomeado para o Oscar de melhor filme e vencedor da estatueta na categoria de melhor filme estrangeiro na edição 2001 dos prémios da Academia norte-americana.
O acordo para a distribuição nas salas foi assinado entre a Netflix e a Weinstein Co. que também co-produz. No entanto, a notícia foi recebida com hostilidade pelos proprietários dos grandes circuitos de exibição.
A Regal, a Cinemark, a Carmike e, por último a AMC, afirmaram que não irão exibir o filme nos seus ecrãs IMAX, por não concordarem com o lançamento em simultãneo na Internet.
Fora dos EUA, outros exibidores também fizeram saber que não querem a sequela de "O Tigre e o Dragão" nos seus ecrãs. A Cineworld, na Europa, a Cineplex, no Canadá e a Wanda, afiliada da AMC na China juntaram-se ao coro de protestos que deixa a IMAX numa situação complicada devido ao facto de só ser proprietária de uma quantidade reduzida de salas. Na maioria dos casos, os ecrãs de grandes dimensões da empresa norte-americana funcionam em parceria com os grandes circuitos de exibição tradicional.
Daqui até agosto do próximo ano prevê-se um violento braço de ferro entre a Netflix e as cadeias de cinema. De um lado, mais uma tentativa de derrubar o velho modelo de negócio com janelas de tempo definidas que permitem a estreia em cada plataforma – cinema, DVD/bluRay e televisão; do outro o ainda confuso e por vezes incipente, mas sempre ativo e agressivo modelo que pretende a exploração simultânea via streaming e em sala.
Já depois do anúncio do acordo tripartido Netflix/Weinstein/IMAX, o gigante do streaming desferiu mais um golpe no status: um pacote de quatro filmes com o ator e produtor Adam Sandler com exibição prevista a partir de 2015.
Depois de ter agitado o negócio da televisão, a Netflix prepara-se para fazer o mesmo no cinema. Os resultados desta estratégia são uma incógnita e ainda está por saber qual a posição das majors (Disney, Sony, Paramount, Universal e Fox) no meio disto tudo. Irão alinhar com o novo jogador e destruir definitivamente o esquema de distribuição que funciona desde o surgimento do VHS? Ou vão cerrar fileira com a exibição e recusar qualquer mudança?