28 Jul 2017 16:23
"Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" é a produção mais dispendiosa de sempre efetuada fora dos grandes estúdios norte-americanos.
Quase 180 milhões de dólares foram gastos para adaptar ao cinema as personagens criadas por Pierre Christin e Jean-Claude Mézières. A esse valor será preciso acrescentar umas dezenas de milhões de dólares para despesas com cópias, traduções, legendagens, dobragens e marketing.
Fundada em 2000 pelo realizador e produtor Luc Besson, a EuropaCorp tournou-se num dos maiores estúdios mundiais fora dos Estados Unidos. Apostando sobretudo em filmes de ação e de ficção científica, produzidos com custos controlados, a empresa conseguiu colocar nos ecrãs alguns filmes de sucesso como "Transporter", ou sobretudo "Taken" e "Lucy", protagonizados por atores de peso em Hollywood como Liam Neeson, ou Scarlet Johansson.
Em 2014, começou a aventura de distribuição direta nos Estados Unidos, através de uma parceria com a Relativity Media. E as coisas começaram a correr mal. Filmes sem retorno comercial, subida nos gastos em promoção e tudo coroado com a implosão financeira da Relativity que obrigou o estúdio francês a desencantar um novo parceiro, a STX Entertainment.
Os resultados do ano fiscal norte-americano, a 31 de março, revelaram um prejuízo recorde de 135 milhões de dólares.
As vendas de outras áreas de negócio – salas de cinema e catálogo de música – bem como a entrada de um investidor chinês que adquiriu 27% do capital da empresa, ajudaram a minorar as perdas e a dar alguma estabilidade financeira.
É então que "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" entra em cena. A confirmarem-se os números publicados na imprensa norte-americana, os franceses precisarão de 400 milhões de dólares em receita bruta de bilheteira nas salas de cinema só para que a produção deixe o vermelho.
Os 17 milhões conseguidos no primeiro fim-de-semana norte-americano e a fraca receção na mão cheia de outros territórios onde o filme já estreou (na Alemanha foi apenas #2 atrás de "Gru o Maldisposto" em terceira semana) deixam antever uma tarefa quase impossível. O total global, neste momento, mal passa os 22 milhões. A derradeira esperança, deste como de muitos outros filmes de grande orçamento, reside agora na China, o segundo maior mercado mundial. Só um ótimo resultado junto do público chinês pode ajudar a equilibrar as contas.
A direção da empresa sediada perto de Paris, tenta desvalorizar a
importância de Valerian no seu futuro financeiro. Um porta-voz citado
pelo Variety refere que quase todo o financiamento foi obtido através
das pré-vendas internacionais e capitais de risco, e que a EuropaCorp se
limitou a investir 20 milhões de dólares.
No entanto, isso não impediu a queda do preço das ações da EuropaCorp. Chegou a estar nos $18. Hoje, anda perto dos $4. Ao mesmo tempo, circulam rumores de que poderá mudar de mãos. Entre as companhias faladas estão a Mediawan, a Vivendi e a nossa bem conhecida Altice que, em Portugal, detém os ativos do antigo grupo PT e se prepara para comprar a Media Capital, dona do canal de televisão TVI.