3 Abr 2018 14:18
Jacques Audiard, Xavier Dolan, Ashad Farhadi… quem irá percorrer a passadeira vermelha do Festival de Cannes no próximo mês de maio, na esperança de suceder a "The Square", Palma de Ouro em 2017?
Para a 71ª edição, de 8 a 19 de maio, ouve-se falar de vários nomes para a lista dos cerca de vinte filmes envolvidos na competição que terá os prémios atribuídos por um júri presidido pela atriz australiana Cate Blanchett.
Como é costume, os franceses surgem em grande número entre os possíveis candidatos. Entre as possíveis presenças encontra-se Jacques Audiard – Palma de Ouro em 2015 com "Dheepan" – e o seu western americano "The Brothers Sisters", com Joaquin Phoenix, John C. Reilly e Jake Gyllenhaal.
Philippe Faucon, que seduziu em 2015 com "Fátima" na Quinzena dos Realizadores, pode ser selecionado com "Amin", a história de um refugiado da Mauritânia.
Entre as mulheres, Claire Denis tem hipóteses de chegar à competição por via de "High Life", o seu primeiro filme de ficção científica em inglês com Robert Pattinson, Patricia Arquette e Juliette Binoche. Mia Hansen-Love ("L’Avenir") também está em linha com "Maya", sobre o destino de um jovem repórter de guerra (interpretado por Roman Kolinka), ou ainda Eva Husson com "Les Filles du soleil" (protagonizado por Golshifteh Farahani).
Pierre Schoeller, autor de "L’Exercice de l’Etat" é outro de quem se fala para chegar à secção principal com "Un Peuple et son Roi", passado na época da Revolução Francesa, com Laurent Laffite no papel de Louis XVI, Louis Garrel como Robespierre e Denis Lavant na pele de Marat.
Outro concorrente possível é Olivier Assayas, um habitual do Festival, com "E-Book", que conta no elenco com Guillaume Canet, Vincent Macaigne e Juliette Binoche.
O diretor de "A Lei do Mercado", Stéphane Brizé, também poderá subir os degraus do palácio dos festivais com "Un Autre Monde", novo filme social com Vincent Lindon, tal como Christophe Honoré com "Plaire, aimer et courir vite" interpretado por Vincent Lacoste e Pierre Deladonchamps.
Os amigos americanos
Da América do Norte, o prodígio do Quebec, Xavier Dolan, um menino querido de Cannes, pode estar de volta com o seu aguardado "Ma Vie avec John F. Donovan".
Outro prodígio, o franco-americano de 33 anos Damien Chazelle, autor do multi-premiado "La La Land", também pode chegar ao restrito grupo da competição oficial "First Man", um filme sobre o astronauta americano Neil Armstrong, interpretado por Ryan Gosling.
O cineasta de culto Terrence Malick tem boas hipóteses com "Radegund", sobre um austríaco, figura da resistência a Hitler.
Os outros europeus
De Itália, Paolo Sorrentino pode mostrar o que fez com "Loro", sobre Silvio Berlusconi, com Toni Servillo. Outros nomes com potencial, Laszlo Nemes, da Hungria ("O Filho de Saul") com "Sunset" e o grego Yorgos Lanthimos com "The Favourite", com Emma Stone.
O lendário franco-suíço Jean-Luc Godard também pode estar na Croisette com "Picture Book", há quem diga que o ex-Monty Python Terry Gilliam pode aparecer com o seu filme amaldiçoado "O homem que matou Don Quixote", e há mesmo quem adiante o possível regresso do polémico Lars Von Trier, com "The House That Jack Built", filme que inclui Uma Thurman e Matt Dillon nos principais papéis.
Asiáticos e Latinos
Do iraniano Asghar Farhadi espera-se ansiosamente "Todos lo saben", thriller psicológico com o casal Javier Bardem e Penelope Cruz.
A Ásia pode ser representada pela realizadora japonesa Naomi Kawase ("Vision", outra vez com Juliette Binoche), ou pelo chinês Jia Zhangke ("Ash is Purest White").
Da América Latina as mais fortes possibilidades surgem pela mão do argentino Pablo Trapero ("La Quietud", com Berenice Bejo), ou do mexicano Carlos Reygadas ("Where Life is born").
Mudanças e novidades
A preparação da 71ª edição foi também marcada por uma série de mudanças, apresentadas por Thierry Frémaux, o homem forte do cinema em Cannes.
Uma das mais faladas é a exclusão dos filmes da Netflix, alvo de protestos da parte de elementos da indústria de exibição e distribuição francesa por não estrear as suas produções em sala.
Outra medida polémica prende-se com o fim das sessões exclusivas dos filmes em competição para a imprensa. Este ano, os jornalistas terão de esperar pela noite da estreia mundial, com o restante público.
Este anúncio levou várias organizações de críticos a mostrarem preocupação com os efeitos desta mudança nas suas condições de trabalho.