19 Abr 2018 21:48
“O Homem que matou Dom Quixote”, de Terry Gilliam, será o filme de encerramento da edição 2018 do Festival de Cannes, anunciou a organização esta quinta-feira.
O projeto teve um longo e atribulado processo de desenvolvimento que dura há 20 anos. A ideia da adaptação livre do romance "Dom Quixote de La Mancha", de Miguel de Cervantes, nasceu em 1998. Chegou a incluir no elenco nomes como Johnny Depp, mas foi adiado por três vezes.
Uma primeira em 2000, quando os cenários destruidos devido ao mau tempo, a falta de dinheiro e um protagonista ferido obrigaram a encerrar a produção.
Depois, em 2015, quando se preparava para nova tentativa com Jack O’Connell e John Hurt nos principais papéis, Gilliam recebe a notícia da doença de Hurt, diagnosticado com cancro no pâncreas.
Em março de 2016, é anunciada a parceria com a Alfama Filmes, do português Paulo Branco. Em setembro do mesmo ano, outra vez o desastre. Branco e Gilliam desentendem-se e o caso acaba nos tribunais. Mesmo assim, Gilliam não desiste e com novos produtores, incluindo a também portuguesa Ukbar Filmes, de Pandora da Cunha Telles, arranca com a rodagem na primavera de 2017, repartida entre os dois países ibéricos.
Adam Driver e Jonathan Pryce são os protagonistas da rocambolesca aventura de um realizador de anúncios publicitários entre o presente e o século XVII, na província espanhola da Mancha onde conhece as personagens idealizadas por Cervantes.
Com o filme concluído, Cannes era um hipótese falada na imprensa internacional há algum tempo, mas o caso na justiça parecia um entrave difícil de contornar.
A Ukbar Filmes, num comunicado de hoje, defende a liberdade de exibir o filme relembrando que "o contrato que uniu Terry Gilliam a Alfama foi rescindido". Quando às questões legais, remete-as para o Tribunal da Apelação de Paris que, de acordo com a mesma fonte, se pronunciará a 15 de junho.
Para a Ukbar, qualquer que seja a decisão do tribunal francês "é claro o direito de mostrar o filme" e cita uma cláusula do contrato com a Alfama que prevê que: “Nenhum conflito jurídico pode ter por efeito atrasar, em qualquer circunstância ou forma, a produção ou a exploração do filme”.