19 Mar 2019 23:34
"Um dos mais inovadores e amados cineastas da Rússia" — é com estas palavras que "The Moscow Times" define a figura admirável de Marlen Khutsiev. A notícia do seu falecimento, no dia 19 de Março, contava 93 anos, foi divulgada pela União dos Realizadores da Rússia, no respectivo site.
A primeira longa-metragem de Khutsiev, "Spring on Zarechnaya Street" (1956) reflecte o tempo de uma certa abertura artística facultada pelas autoridades da URSS, depois da repressão e censura do período estalinista. Seria o começo de uma obra pessoalíssima, sempre preocupada em reflectir as condições de vida das mais variadas personagens, num registo cuja dialéctica documental/ficcional fez de Khutsiev, não apenas um modelo para muitos cineastas soviéticos da geração seguinte, mas também uma referência modelar da modernidade cinematográfica.
O certo é que o degelo político não durou muito e títulos fundamentais do labor de Khutsiev, como "Chuva de Julho" (1966), demoraram anos até serem devidamente conhecidos e reconhecidos.
Em 2015, Khutsiev esteve presente na Cinemateca Portuguesa para apresentar um extracto daquele que viria a ser o seu filme final: "Nevechernyaya/Ainda Não É Noite" (cuja estreia deverá ocorrer ainda este ano). A sessão foi organizada em colaboração com o LEFFEST que, na sua edição de 2014, lhe dedicara uma retrospectiva.
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A Medeia Filmes e a Leopardo Filmes homenageiam Marlen Khutsiev, exibindo no domingo, 24 de Março, às 21h30, no Monumental, o filme "Chuva de Julho" (1966), em cópia digital restaurada — a sessão está incluída no programa ‘Fins de semana no Monumental’.