29 Jul 2021 22:26
A protagonista de "Viúva Negra" apresentou queixa em tribunal contra a Walt Disney Co. alegando quebra de contrato. Os representantes legais de Scarlett Johansson formalizaram a queixa esta quinta-feira, em Los Angeles, de acordo com notícia publicada no Wall Street Journal.
Johansson afirma que o contrato assinado com o estúdio previa apenas o lançamento de "Viúva Negra" nos cinemas e que a estratégia de estreia simultânea nas salas e na Disney+ a privou de receber uma considerável compensação financeira proveniente das vendas de bilhetes.
"Viúva Negra" estreou mundialmente a 7 de julho. Além da projeção tradicional nas salas de cinema, ficou também disponível mediante um pagamento extra para os clientes do serviço de streaming Disney+.
Até ao momento, o filme soma 318 milhões de dólares em receita bruta de bilheteira. Ao contrário dos valores das salas, tradicionalmente controlados e anunciados publicamente, os ganhos no streaming são mantidos em segredo pelas empresas que apenas optam por revelar um ou outro número de forma pontual, quando tal lhes é conveniente. Foi o caso de "Viúva Negra" que, segundo a Disney+, terá somado 60 milhões de dólares nos primeiros dias.
É neste ponto que a atriz coloca a ênfase do processo legal. Segundo o documento, citado no The Wall Street Journal, o dinheiro recebido via streaming representa ganhos que, numa situação normal, iriam parar ao box office de cinema, aumentando, por seu turno, a fatia do bolo que cabe a Johansson. Mais ainda, os advogados argumentam que ao estrear o filme na Disney+ naquela altura, o estúdio usou o trabalho da atriz para promover o novo serviço, atrair mais clientes e manter os existentes. Acrescentam também que a estratégia ajudou a fazer subir o preço das acções da Walt Disney Co.
O The Wall Street Journal cita fontes próximas da atriz que colocam as perdas de Johansson na ordem dos 50 milhões de dólares.
Apesar da justificação da pandemia, que ajudou a iniciar um conjunto profundo de alterações na indústria do cinema, estilhaçando a antigo sistema de janelas de tempo que assegurava primazia e exclusividade às salas durante 75 dias, a queixa é clara em afirmar que a Disney teve a intenção clara de aumentar os lucros da Marvel.
Numa altura em que o grande cinema comercial norte-americano ainda procura perceber qual será o melhor caminho nos tempos após a COVID, e ensaia receitas para jogar nos campos da distribuição em sala e online, a Disney não é a única major a sofrer com queixas do lado de atores. A Warner Bros., perante a impossibilidade de estrear o seu alinhamento em sala com garantias de retorno, optou por colocar todos os seus filmes de 2021 também no streaming da HBO Max e viu-se obrigada a adiantar muitos milhões de dólares aos protagonistas, cobrindo os valores que estes iriam receber numa situação normal.
O processo legal movido por Scarlett Johansson surge dez dias após a National Association of Theatre Owners (NATO), ter criticado a estratégia da Disney. Numa declaração conjunta, os representantes das salas de cinema nos Estados Unidos acusaram o estúdio de deitar dinheiro fora com o lançamento duplo, em sala e no streaming.
Diz a NATO que, a opção tradicional traria perto de 100 milhões de dólares adicionais em receitas de bilheteira e permitiria manter o filme em cartaz durante mais tempo. No segundo fim de semana, "Viúva Negra" teve uma quebra acentuada, de quase 70% em comparação com o resultado da estreia, uma descida que as salas qualificaram como "um colossal colapso".
Acrescentam os proprietários das salas que o streaming faz aumentar a pirataria e reduz o valor dos filmes nas janelas subsequentes como as vendas para canais premium e televisão generalista.
O documento da NATO conclui a dizer: "A resposta mais importante é que a estreia simultânea é um recurso da era pandémica que deve passar à história com a própria pandemia".