25 Set 2023
“Fronteira Verde”, drama sobre a crise dos migrantes na fronteira entre a Polónia e a Bielorrúsia alcançou o melhor fim de semana de estreia de um filme polaco em 2023, após críticas violentas do governo.
O distribuidor polaco do filme, a Kino Świat, disse que o filme, lançado este fim de semana, atraiu 137 000 espectadores.
Na passada semana, o governo polaco afirmou que as sessões seriam antecedidas de anúncios publicitários a favor da política oficial de imigração.
“Fronteira Verde” mostra o tratamento brutal dos guardas fronteiriços a uma família da Síria e uma refugiada do Afeganistão, enquanto ativistas lutam para tentar trazê-los para um local seguro.
A migração emergiu como um dos principais temas de campanha antes das disputadas eleições de 15 de outubro, com o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS) a afirmar que só o seu governo pode garantir a segurança das fronteiras.
O PiS afirma que a descrição do filme sobre o que acontece aos imigrantes que atravessam a Polónia vindos do leste desonra aqueles que protegem o seu país. O vice-ministro do Interior, Blazej Pobozy, classificou o filme como uma “calúnia nojenta”.
“Nos cinemas de toda a Polónia, as projeções serão precedidas de um anúncio especial sobre os elementos que faltam no filme”, disse aos jornalistas. “Os nossos anúncios mostram o contexto da operação (fronteiriça) híbrida e o curso desta operação e as soluções que introduzimos para garantir a segurança dos polacos.”
O Presidente Duda, chegou a comparar o filme à propaganda nazi.
Vários cinemas disseram publicamente que não iriam exibir o anúncio de 30 segundos do Ministério do Interior.
Os migrantes começaram a afluir à fronteira em 2021 depois de a Bielorrússia ter aberto agências de viagens no Médio Oriente oferecendo uma rota não oficial para a Europa – uma medida que Bruxelas disse ter sido concebida para criar uma crise. A Polónia recusou-se a deixá-los passar.
“Fronteira Verde”, ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema de Veneza deste ano.
A realizadora, Agnieszka Holland, rejeitou as críticas ao seu filme, afirmando que se trata apenas de “uma tentativa de dar voz àqueles que não têm voz” e confessou estar surpreendida pelo “tsunami de ódio” que recebeu.