13 Mar 2023 7:43
Brendan Fraser conquistou os membros da Academia com a sua transformação num professor com obesidade mórbida em "A Baleia", um filme que o vencedor do Óscar de Melhor Ator Principal espera que mude mentalidades.
"Penso que é um filme que vai mudar alguns corações e mentes", disse o ator, nos bastidores da 95.ª cerimónia de entrega dos prémios da Academia, que decorreu esta noite em Los Angeles. "E esse é um sentimento muito bom".
Fraser disse estar "atordoado" com a vitória quando chegou à sala de entrevistas e comentou que a estatueta é mais pesada que o que ele esperava. Também revelou que, quando ouviu anunciar o seu nome, teve um segundo de dúvida sobre se teria ouvido corretamente.
"Agora sei o que é o metaverso", gracejou o ator, que mergulhou no papel de Charlie depois de um longo período de deserto na sua carreira. "Ele é alguém que encontrou o amor, perdeu-o, e depois encontrou-o outra vez. Acho que isso é uma coisa de que todos podemos extrair algo", afirmou. "E saber que, com perseverança, se pusermos um pé à frente do outro como o Charlie fez, vamos em direção à luz", continuou. "Se eu consigo fazê-lo, vocês também conseguem. Boas coisas acontecerão".
O ator confessou-se muito comovido pelo argumento do filme realizado por Darren Aronofsky, baseado numa peça escrita por Samuel Hunter.
"O Darren foi muito franco sobre este ser um papel desafiante", disse Fraser, "em termos do que seria preciso para criar Charlie e o seu corpo".
Esse desafio culminou noutro prémio da Academia, já que além do Óscar de Melhor Ator Principal para Brendan Fraser, "A Baleia" também conquistou a estatueta para Melhor Caracterização, entregue a Adrien Morot, Judy Chin e Annemarie Bradley. Foram eles que transformaram Fraser num homem que sofre de obesidade mórbida e está a morrer por causa disso.
"O meu trabalho era interpretar Charlie de dentro para fora, e o deles era criá-lo de fora para dentro", disse o ator.
As dificuldades foram acrescidas porque a produção coincidiu com o início da pandemia de covid-19. "Tudo foi criado e esculpido em computador e impressão 3D e transformado em moldes e esculturas, e depois conseguimos aplicá-lo nele", explicou Adrien Morot, na sala de entrevistas. "Sem nunca termos estado com o Brendan em pessoa. Isso foi qualquer coisa".
A pandemia, disse o ator, influenciou o trabalho também de outras formas. "Todos os filmes que vimos este ano têm um ingrediente secreto e penso que é essa preocupação que tivemos uns com os outros e com o trabalho que fazemos, porque vivemos sob uma ameaça existencial", refletiu. "Não sabíamos se ia haver um amanhã".
A incerteza aguçou a interpretação. "Fazer um filme com esta gravidade reforçou o quão importante é atuar como se fosse a primeira e a última vez que o fazemos", disse o ator.
Fraser deixou cair algumas lágrimas na sala de entrevistas, continuando a emoção aturdida de uma temporada de prémios em que a sua performance foi elevada e reconhecida acima de competidores como Austin Butler ("Elvis") e Colin Farrell ("Os Espíritos de Inisherin").
É uma história de regresso que deu ao ator "uma lição de humildade e gratidão" e foi "incrivelmente recompensadora", com consenso da crítica e da audiência sobre a excelência da sua performance.
"Espero estar à altura disso", afirmou.
A 95.ª cerimónia dos prémios da Academia decorreu no Dolby Theatre, em Los Angeles, com "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" a ser o grande vencedor com sete Óscares, incluindo o de Melhor Filme.