2 Set 2015 18:24

Subir ao topo do Everest não é para qualquer viajante ou
alpinista, por mais destemido ou aventureiro que seja. Diversas expedições correram mal, mas na
história das escaladas mais trágicas destaca-se a que aconteceu em 1996
envolvendo cerca de 40 alpinistas organizados em três grupos.

Nessa época as expedições tornaram-se numa atividade turística comercial
e o filme do islandês Baltasar Kormakur demonstra os problemas operacionais que surgiram quando demasiados alpinistas tentaram vencer a montanha A escalada dos três grupos foi marcada para o mesmo dia, 10
de maio, com o objetivo de aproveitar as boas condições metereológicas, o que
obrigou a um esforço de coordenação.

Mas essa cooperação nem sempre é eficaz no terreno,
sobretudo quando dezenas de alpinistas cruzam locais mais difíceis, como
a derradeira passagem de acesso ao cume, um estreito caminho emparedado onde
cabe apenas uma pessoa.

Em situações como esta, o filme “Everest” tem a capacidade e
o mérito de colocar o espectador no cenário e transmite uma perspetiva muito
eficaz dos problemas que se colocam nesta escalada arriscada e difícil.

O argumento do filme é
essencialmente baseado na obra “Into Thin Air”, do escritor Jon
Krakauer, um sobrevivente desta expedição e que é interpretado pelo ator
Michael Kelly.

Através dessa abordagem realista temos uma perspetiva ampla sobre a
situação de diferentes pessoas envolvidas no drama: alpinistas, socorristas e
até familiares. E o filme consegue valorizar uma série de personagens
diferentes como Beck, um texano que sobreviveu (Josh
Brolin), ou Yasuko (Naoko Mori), uma japonesa que morreu e tornou-se numa
heroína ao ser a primeira mulher a escalar as maiores montanhas em todos os
continentes.

“Everest” tenta ser um filme catástrofe
à moda antiga mas sem ação habitual nos filmes do género, reconstituindo os
acontecimentos com o espírito de um produção independente que é filmada numa grande escala
visual.

Esse compromisso acaba por fragilizar
os resultados: as personagens geram empatia com o espectador, a profundidade de algumas cenas e os grandes planos da montanha valorizam a projeção em 3D e nas salas Imax, mas
perde-se intensidade dramática.

Curiosamente, o climax do filme é a concretização da escalada. Nessa altura parece que podemos tocar o cume do Everest. Depois, durante a descida, surgem diversos problemas que são agravados por uma tempestade perfeita. Nessa segunda etapa da história não somos verdadeiramente tocados pela sorte trágica de algumas daquelas pessoas, nem nunca perdemos o fôlego.

  • cinemaxeditor
  • 2 Set 2015 18:24

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