4 Out 2021 15:20
Num fim de semana a várias velocidades, um misto de sucessos de bilheteira espalhados pelo mundo deixou salas de cinema e distribuidores em êxtase após meses de resultados miseráveis e incertezas sobre o futuro do modelo de negócio tradicional.
"007: Sem Tempo Para Morrer" chegou aos $119,1 milhões de dólares, uma soma da receita bruta de bilheteira que conta com 54 países, mas sem os dois maiores mercados mundiais, EUA e China, onde a despedida de Daniel Craig só chegará mais tarde.
Na América do Norte, "Venom: Tempo de Carnificina" abriu com 90,1 milhões de dólares, maior receita pós-COVID para um fim de semana de três dias e segunda maior estreia de sempre em outubro, logo atrás de "Joker".
Na China, as autoridades continuam a restringir a entrada de filmes americanos e dão prioridade à propaganda com "Batalha no Lago Changjin" a alcançar o maior resultado do fim de semana, uns monstruosos 235 milhões de dólares, a lembrar números anteriores ao vírus.
O efeito Bond
Como se esperava, o principal resultado veio do Reino Unido, 34,8 milhões de dólares, sexta maior estreia de sempre, e maior fim de semana de três dias na história da série.
Como termo de comparação, "Venom", o primeiro filme com o anti-herói do universo Homem-Aranha, estreou com 80,3 milhões de dólares, em 2018.
O anterior recorde de melhor primeiro fim de semana de três dias em tempos de COVID pertencia a "Viúva Negra" com 80,4 milhões de dólares.
Mais um ponto positivo realçado pela imprensa norte-americana reside no facto de as receitas deste fim de semana terem ficado apenas 15% abaixo do valor do mesmo período, em 2019.
Outro bom sinal para a Sony veio do primeiro mercado exterior a receber a sequela de "Venon". A Rússia estreou com $13,8M, recorde de bilheteira no primeiro fim de semana durante a pandemia batendo outro lançamento recente, "Duna".
Regressando aos EUA, ainda houve espaço para um segundo bom resultado, "A Família Addams 2" conseguiu o melhor primeiro fim de semana da era COVID para uma animação com 18 milhões de dólares, mesmo com a desvantagem de também estar disponível em serviços de streaming.
A vitória da propaganda
Tem como protagonista o ator mais popular do momento na China, Wu Jing, conhecido pelo duplo papel de ator e realizador no filme de ação "Wolf Warrior", de 2015, e na sequela estreada em 2017. A seu lado está o jovem Jackson Yee, na história inspirada numa batalha real que ocorreu nos anos 50, na zona do Lago Changjin, durante a Guerra da Coreia, e opôs tropas da República Popular da China e dos Estados Unidos.
Terá batido 10 recordes de bilheteira, incluindo a maior receita de um filme no Dia Nacional e a maior receita de um filme de guerra na China. As projeções locais afirmam que "Batalha no Lago Changjin" poderá
terminar a carreira nas salas com uma receita entre os 700 e os 800
milhões de dólares.
Pensa-se que será o filme mais caro de sempre da China, com um orçamento de produção superior a 200 milhões de dólares. Recebeu enorme apoio do governo, foi encomendado pelo departamento central de propaganda e pelo principal regulador de cinema do país e usou 70 mil elementos das forças armadas como figurantes. A escala da produção obrigou a dividir a produção por diversos estúdios incluindo o Estúdio Primeiro de agosto, propriedade do exército.
De outro género, mas também com o tom nacionalista e patriótico que o governo tem tentado incutir "Meu País, Meus Pais" foi #2 do fim de semana na China, com 90,6 milhões de dólares. É a terceira parte de uma série de filmes que começou com "Meu Povo, Meu País", em 2019, e continuou com "Meu Povo, Minha Pátria", de 2020.
A ordem de usar os cinemas chineses para difundir propaganda comemorativa do 100.º aniversário do Partido Comunista veio do governo central de Pequim com o objetivo de divulgar o amor ao partido, ao país e ao socialismo, bem como aos seus heróis, mas poderá fazer parte de um conceito mais alargado de retomar os corações e as mentes das gerações mais novas, nascidas e criadas durante o período de capitalismo controlado pelo estado que transformou a China numa super-potência económica. Entre as ordens emanadas recentemente, estão limitações ao uso da Internet, nomeadamente redes sociais e jogos online, por parte dos mais novos, ou regras proibindo a exibição de riqueza, "estéticas efeminadas" e outras práticas "insalubres", segundo a classificação aplicada pelos censores locais.
Estas novas orientações e a censura mais apertada, estão a conduzir ao afastamento dos filmes americanos. O próximo grande título de Hollywood a estrear na China será "Duna" de Denis Villeneuve, a 22 de outubro. Dois filmes da Marvel com personalidades mal vistas em Pequim, "Shang-Shi e os Dez Anéis" e "Os Eternos", continuam sem data de estreia no país.
Fim de semana (USD) | Total (USD) | ||||||
# | TÍTULO | TOTAL | RESTO DO MUNDO | EUA | TOTAL | RESTO DO MUNDO | EUA |
1 | The Battle at Lake Changjin | $201 314 437 | $201 314 437 | – | $232 938 164 | $232 938 164 | – |
2 | 007: Sem Tempo Para Morrer | $119 100 000 | $119 100 000 | – | $119 100 000 | $119 100 000 | – |
3 | Venom: Tempo de Carnificina | $103 900 000 | $13 800 000 | $90 100 000 | $103 900 000 | $13 800 000 | $90 100 000 |
4 | My Country, My Parents | $75 714 075 | $75 714 075 | – | $89 697 965 | $89 697 965 | – |
5 | A Família Addams 2 | $18 007 000 | $18 007 000 | $18 007 000 | – | $18 007 000 | |
6 | Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis | $14 300 000 | $8 300 000 | $6 000 000 | $386 900 000 | $180 800 000 | $206 100 000 |
7 | Duna | $13 700 000 | $13 700 000 | – | $100 300 000 | $100 300 000 | – |
8 | Many Saints of Newark, The | $5 419 000 | $419 000 | $5 000 000 | $7 300 000 | $2 300 000 | $5 000 000 |
9 | Patrulha Pata: O Filme | $3 620 000 | $3 200 000 | $420 000 | $117 135 929 | $77 500 000 | $39 635 929 |
10 | Dear Tutu: Operation T-Rex | $3 466 185 | $3 466 185 | – | $3 476 834 | $3 476 834 | – |