2 Mar 2018 16:54
As mulheres esperam o reconhecimento tardio e merecido na edição deste ano dos Óscares que serão entregues durante a madrugada do próximo domingo para segunda-feira, em Los Angeles.
A corrida aos prémios mais importantes da indústria do cinema está em aberto depois de uma temporada onde muito se falou dos escândalos de abusos e assédios sexuais em Hollywood.
"A estrela dos Óscares deste ano é o empoderamento feminino. Um filme com uma perspectiva feminina não ganha a categoria de melhor filme desde ‘Million Dollar Baby’, em 2005", afirma Tom O’Neil, fundador do site GoldDerby.com. "Este ano, quatro dos nove filmes nomeados têm uma perspectiva feminina. Isso é notável", acrescenta.
Com acusações de conduta sexual imprópria a cineastas, atores e realizadores a emergirem todas as semanas desde outubro de 2017, o movimento de resistência feminina "Time’s Up" tem sido um tópico tão quente em Hollywood como o suspense sobre quem vai receber as honras mais importantes da indústria.
O escândalo de assédio segue-se a anos de esforços por parte das mulheres para reduzirem a diferença de salários entre géneros, em Hollywood, e conseguirem os lugares por detrás da câmera que determinam quais os filmes que serão produzidos.
Se ganhar, Greta Gerwig, realizadora nomeada por "Lady Bird" – filme sobre uma volátil relação entre mãe e filha – será apenas a segunda mulher a conquistar a categoria de melhor realizador nos 90 anos de história dos Óscares.
"Três Cartazes à Beira da Estrada", com a nomeada para melhor atriz, Frances McDormand, é visto como o filme que canaliza a fúria do movimento #MeToo e já ganhou os Globos de Ouro, os BAFTA e os prémios do sindicato dos atores. "É a história de uma mulher furiosa contra a injustiça masculina que se recusa a descobrir o violador e assassino da filha. É o tema do que está a acontecer em Hollywood", disse O’Neil.
Dave Karger, correspondente do site de entretenimento IMDB.com, disse que, enquanto "A Forma da Água" apela mais aos eleitores da Academia, o arrojado "Foge" da Jordan Peele, um olhar sobre as relações raciais modernas através do prisma de um filme de terror, "está a emergir como outsider". Peele, que faz a sua estreia como realizador, seria o primeiro afroamericano a conquistar o Oscar para a melhor realização.
"No ano passado, o filme com mais nomeações acabou por perder para um filme que falava mais aos tempos que correm", afirma Karger, lembrando a vitória de 2017 do drama afroamericano "Moonlight" sobre o favorito "La La Land".