20 Fev 2015 12:56
Os filmes independentes estão mais representados do que nunca nos Oscars, mesmo que não reflitam o gosto do público que favorece as grandes produções, o suspense, ou a ação.
Este ano, sete dos oito títulos que competem na categoria de melhor filme não foram produzidos pelos estúdios.
É o caso do favorito "Birdman" escrito, produzido e dirigido pelo mexicano Alejandro Iñarritu por cerca de 18 milhões (USD), e "Boyhood-Momentos de Uma Vida", um filme único, rodado em 12 anos com os mesmos atores, por Richard Linklater, que custou 4 milhões (USD).
Uma gota de água em comparação com os 100 a 200 milhões de dólares que custaram os filmes com maior receita no ano passado, produzidos pelos estúdios, como por exemplo "Interstellar" (Warner Bros.), "Big Hero 6" (Disney)," Hunger Games – A Revolta Parte 1" (Lionsgate),"Guardiões da Galáxia" (Marvel/Disney)," Capitão América: O Soldado do Inverno" (Marvel/Disney), ou "O Filme LEGO" (Warner Bros.). Todas estas grande produções somaram pelo menos 200 milhões de dólares em receita de bilheteira, apenas na América do Norte.
Em comparação, "Boyhood" e "Birdman" conseguiram somente 44 e 72 milhões em todo o mundo, respetivamente. Outros candidatos ao Oscar de melhor filme, como "Whiplash" e "Selma" fizeram ainda menos. Noutro patamar estiveram "A Teoria de Tudo" fez melhor (98 milhões) e, sobretudo, "The Grand Budapest Hotel" (174 milhões), mas ainda longe do desempenho dos blockbusters do ano.
"Na maioria das vezes os "filmes dos Oscars" são projetos muito pessoais com papéis consistentes para os atores, mas não necessariamente um grande sucesso nos cinemas", diz Jeff Bock, analista da empresa Exhibitor Relations, que acompanha de perto os números de box-office.
Permanecer na cultura popular
Há cerca de dez anos, os grande sucessos de Hollywood eram mais frequentemente premiados pela Academia. Foram os casos de "O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei" (2003), "Gladiador" (2000), e "Titanic" (1997 ).
Nos últimos anos, a preferência dos membros votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que atribui as estatuetas, foi para títulos independentes como "Este País Não É Para Velhos", "Quem Quer Ser Bilionário" e "O Discurso do Rei".
Este ano, "American Sniper" é uma exceção. A Warner Bros. é o único grande estúdio de cinema presente na corrida para o Oscar de melhor filme. No total, o filme de Clint Eastwood foi nomeado num total de seis categorias. Nas bilheteiras já alcançou os 400 milhões de dólares desde o seu lançamento no dia de Natal, com 300 milhões provenientes nos EUA e Canadá. O seu orçamento 60 milhões de dólares coloca-o num lugar intermédio entre uma média e uma grande produção.
Enquanto nos aproximamos da noite dos Oscars, no próximo domingo, o gosto do público norte-americano revelou-se mais uma vez nos últimos dias com o triunfo na bilheteira de "A Cinquenta Sombras de Grey", romance erótico trucidado pelos críticos mas que somou 266 milhões de dólares em todo o mundo em apenas quatro dias.
Na história dos Oscars, é "Avatar", a mega-produção de ficção científica que gerou 2,8 mil milhões de dólares de receita em todo o mundo que detém o recorde de box office para um candidato aos Oscars. Mas quando a longa-metragem de James Cameron esteve na corrida, em 2009, foi "Estado de Guerra", de Kathryn Bigelow, sobre um sapador do exército americano no Iraque, que ganhou a estatueta dourada. Um filme que não passou dos 49 milhões de dólares em receitas globais.
Outros vencedores dos últimos anos como "Crash" (2006), "Este País Não É Para Velhos" (2008), "O Artista" (2012) e "Doze Anos Escravo" (2014) também não brilharam na bilheteira. Algo que torna a noite ainda Oscars mais importantes para filmes independentes: "Estes prêmios são uma oportunidade para promover o cinema independente. São importantes porque dão a esses filmes a oportunidade de continuarem a fazer parte da cultura popular ", comentou Ethan Hawke, ator em " Boyhood" ao saber que tinha sido nomeado.