Alden Ehrenreich: ser ou não ser Han Solo


joao lopes
24 Mai 2018 16:24

Será que Alden Ehrenreich, o novo intérprete da personagem de Han Solo, tem condições para assumir e, de alguma maneira, recriar a herança de Harrison Ford? Convenhamos que a tarefa não seria fácil, desde logo porque através desse papel (e também da encarnação de Indiana Jones), Ford adquiriu um estatuto lendário, obviamente ligado ao poder mitológico do universo "Star Wars".

Ao assumir o papel central em "Solo: Uma História de Star Wars", Ehrenreich conseguiu, pelo menos, não ficar dependente de qualquer lógica de banal mimetismo em relação às composições que Ford iniciou com "A Guerra das Estrelas" (1977). Aliás, sabíamos já da sua subtileza de intérprete através de títulos como "Tetro" (Francis Ford Coppola, 2009) ou "Rules Don’t Apply" (Warren Beatty, 2016), este um dos filmes maiores da história recente de Hollywood, infelizmente secundarizado pelo mercado português (apenas lançado no cabo).
"Solo: Uma História de Star Wars" não deixa de estar marcado pelas regras que os estúdios Disney puseram em prática desde que adquiriram a Lucasfilm e, portanto, o controle da saga "Star Wars". Trata-se de cumprir a rotina de um título por ano, de modo a manter activo um princípio de marketing que privilegia a ocupação global dos mercados (recorde-se o que o episódio IX, o derradeiro previsto no projecto inicial de George Lucas, está agendado para Dezembro de 2019). Estamos, enfim, perante um filme "de manutenção", explorando uma espécie de pré-história de Han Solo.
A competência clássica de Ron Howard, cineasta até agora ausente deste universo, consegue, pelo menos, garantir alguma empatia com as personagens — e, nessa medida, alguma possibilidade de composição dos actores, desta vez, pelo menos, não completamente afogados pela manipulação digital. Para além de Ehrenreich, destaquemos, por isso, Woody Harrelson, Beckett, o vilão simpático, sempre essencial neste tipo de aventuras.

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