joao lopes
8 Jul 2017 0:53
Na actual conjuntura dos "blockbusters", qual é — ou pode ser — a importância de um actor?
A pergunta está longe de ser abstracta, já que temos assistido a casos dramáticos de apagamento de grandes actores, literalmente esquecidos no "interior" de fatos mais ou menos digitais — observe-se o exemplo particularmente infeliz de um talento tão especial como Robert Downey Jr., ultimamente anulado pelo aparato metálico do Homem de Ferro…
Ironicamente, "Homem-Aranha: Regresso a Casa", de Jon Watts, dá-nos a possibilidade de reencontrar Downey Jr. como Tony Stark, contracenando com o jovem Peter Parker e a sua "encarnação" como Homem-Aranha. Se acrescentarmos a isto o facto de esta ser a estreia do também muito talentoso Tom Holland como intérprete do herói, então poderemos esclarecer com nitidez a (falta de) lógica deste tipo de produtos — os actores são meros instrumentos de dispositivos técnicos que os transcendem e anulam.
Não há, por isso, novidades a assinalar nesta aventura (ainda mais) juvenil do Homem-Aranha. Mesmo reconhecendo as qualidades dos envolvidos — desde os actores ao pessoal técnico (lembremos, por exemplo, as qualidades do director de fotografia Salvatore Totino) —, filmes como este foram reduzidos a um empreendimento de marketing tecnológico que já nem sequer cultiva a surpresa, divulgando (!) no trailer a maior parte dos pontos fortes (?) da acção… Decididamente, a Marvel tornou-se uma mera gestora de formatos cinematográficos.