Jonathan Demme e Jodie Foster — rodagem de

27 Abr 2017 0:52

Para a história do cinema e, mais do que isso, nos anais da cultura popular, Jonathan Demme ficará para sempre como o cineasta que realizou "O Silêncio dos Inocentes" (1991) — pelo seu impacto dramático e moral, esse é um verdadeiro clássico.

Atingido, desde 2010, por um cancro no esófago e sofrendo de uma frágil situação cardíaca, Demme faleceu em Nova Iorque, a 26 de Abril — contava 73 anos.
Para além de "O Silêncio dos Inocentes", a sua memória é também indissociável de "Filadélfia" (1993), a primeira produção cinematográfica de grande difusão que abordou a problemática da sida — além do mais, valendo a Tom Hanks o primeiro dos seus dois Oscars de melhor actor.
Em qualquer caso, seria redutor considerar que Demme foi apenas um criador de grandes fenómenos de Hollywood. Formado nos anos 70 na escola de produção de Roger Corman — para quem rodou as suas primeiras longa-metragens de ficção, a começar por "A Gaiola das Tormentas" (1974) —, ele foi, antes de tudo o mais, um modelo de criador independente, de alguma maneira sabendo preservar esse estatuto ao longo de mais de quatro décadas de actividade.
O seu derradeiro título de ficção, "Ricki e os Flash", surgiu em 2015, precisamente o ano em que esteve entre nós para acompanhar a retrospectiva que lhe dedicou o Lisbon & Estoril Film Festival. Em 2016, confirmando a vitalidade dos seus laços com o universo musical, foi lançado nos EUA "Justin Timberlake + The Tennessee Kids", concerto registado em Las Vegas, na Grand Garden Arena.
Eis outros cinco títulos que podem testemunhar a fascinante diversidade do universo de Jonathan Demme:

* LAST EMBRACE / O Último Abraço (1979) — Pode ser considerado o filme em que Demme faz a transição do universo das pequenas produções para os mecanismos de Hollywood. Com Roy Scheider no papel central, trata-se de um sofisticado policial, obviamente reminiscente de Hitchcock.
* STOP MAKING SENSE (1984) — A colocar ao lado de títulos tão emblemáticos como "A Última Valsa" (1978), de Martin Scorsese: com os Talking Heads a actuar no Pantages Theater, em Hollywood, este é um clássico absoluto do chamado "filme-concerto" — eis a abertura, com a canção "Psycho Killer".


* SOMETHING WILD / Selvagem e Perigosa (1986) —
Comédia policial, plena de sarcasmo e amargura, centrada nas atribulações de um par magnificamente interpretado por Melanie Griffith e Jeff Daniels; Demme prolongaria o estilo, dois anos mais tarde, em "Viúva… Mas Não Muito", com Michelle Pfeiffer.


* THE MANCHURIAN CANDIDATE / O Candidato da Verdade (2004) — Porventura um dos mais mal amados filmes do realizador. Retomando as linhas narrativas de "O Enviado da Manchúria" (John Frankenheimer, 1962), este é um "thriller" inquietante sobre os mecanismos de ilusão e manipulação nos bastidores do poder político — com um elenco de luxo que inclui Denzel Washington, Liev Schreiber e Meryl Streep.
* RACHEL GETTING MARRIED / O Casamento de Rachel (2008) — Centrada numa notável composição de Anne Hathaway (interpretando uma jovem a terminar um período de tratamento de várias formas de toxicodependência), eis um exemplo brilhante da capacidade de Demme para relançar um modelo clássico — o melodrama familiar —, reconfigurando-o para as personagens e relações do presente — aqui fica o trailer.

  • cinemaxeditor
  • 27 Abr 2017 0:52

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