1 Ago 2020 1:24
Cineasta inglês que triunfou em Hollywood, Alan Parker faleceu no dia 31 de Julho, em Londres, após doença prolongada — contava 76 anos.
O início da sua carreira na área da publicidade, em finais dos anos 60, marcou todo o seu universo visual e narrativo — para o melhor e para o pior. Havia nele, de facto, um sentido de composição da imagem que, embora apurado e versátil, nem sempre se preocupava em servir as histórias que estava a contar.
Seja como for, isso em nada diminui a importância dos muitos riscos criativos que enfrentou, a começar pelo filme com que se impôs no interior da produção americana: "O Expresso da Meia-Noite" (1978), evocação do caso verídico de um jovem americano preso na Turquia por tentar sair do país com vários pacotes de haxixe. Distinguido com dois Oscars — argumento adaptado e música, respectivamente para Oliver Stone e Giorgio Moroder —, valeu a Parker a sua primeira nomeação na categoria de melhor realização [trailer].
Obteria nova nomeação na mesma categoria com "Mississipi em Chamas" (1998), um drama perturbante centrado no desaparecimento de dois jovens activistas negros no Sul dos EUA. Por curioso contraste, há na sua filmografia um capítulo autónomo em que predominam as matérias musicais. A saber:
* "Bugsy Malone" (1976) — longa-metragem de estreia, contando uma história de gangsters em formato musical, com todas as personagens interpretadas por… crianças.
* "Fama" (1980) — sobre a vida dos alunos de uma escola de arte em Nova Iorque, o seu sucesso daria oprigem a uma série televisiva homónima.
* Pink Floyd – The Wall" (1982) — recriação barroca do respectivo álbum, combinando cenas com actores e segmentos de animação [video: "Comfortably Numb"].
* "The Commitments" (1991) — inspirado no romance Roddy Doyle, faz o retrato de uma banda soul de elementos da classe operária, em Dublin.
* "Evita" (1996) — adaptação do musical de Andrew Lloyd Webber, com Madonna no papel de Eva Perón, talvez a mais apurada realização de Parker, combinando a estética dos telediscos e o apelo operático.
O seu derradeiro filme, "The Life of David Gale/Inocente ou Culpado?", um "thriller" com Kevin Spacey, tem data de 2003.
Em 2013, foi distinguido com um BAFTA pela sua carreira em prol das "formas artísticas das imagens em movimento".